sexta-feira, julho 15, 2005

Song # 4 - Música Experimental

Fotografias de corpos, de partículas de corpos, histórias de ficção cientifica aos quadradinhos, ruídos de metropolitano, de milhares de pessoas a andarem ao mesmo tempo e a fazerem barulho ao mesmo tempo na estação do metropolitano, a quererem todas chegar mais depressa ao primeiro lugar de um dia igual aos outros...Tudo isto faz música. De tudo isto se faz música. A música devia fazer-se de tudo isto. Tudo isto serve para fazer música. A música que quisermos. Ondulações frenéticas de pixels sonoros esbarram-se contra a parede húmida de sémen. As violas eléctricas violam-se possessivamente. Os gatos, esses...bem, não são para aqui chamados. Nem o futebol sequer. Os meus ouvidos recebem com doçura sons manipulados geneticamente por um alien terrestre. Quase sufoco com este mel e não me apetece pensar, apenas continuar a escrever o que me vem à cabeça, o que este som me faz vir à cabeça, o que a cabeça quer que este som lhe traga. Tanto faz. Para mim tanto faz. NÃO ME IMPORTO NADA. Pelo menos por agora. Desço a escada cintilante da lua para perto do rio dourado com cheiro a urina e a pobreza. Reparo nos homens e mulheres que dormem na rua expostos nos seus pensamentos nus. Homens e mulheres de cara lavada e mãos sujas. Sem culpa. Ok, talvez alguns, mas desses há-de rezar alguma história. Os outros, os outros não têm sequer história. São maços de cigarros atirados à rua lamacenta da cidade infinita, onde mulheres finas dão o cu nas ruas que tornejam pela noite calada.Talvez devesse beber um café. Mas se beber não durmo. Talvez um copo de vinho. E um cigarro. É isso, um copo de vinho e um cigarro. Não, só um cigarro. Depois regressarei ao mundo das letras pretas com fundo amarelo. Quase como uma cena de um filme mudo a cores. Ainda não regressei. Acabei de ler o que tinha escrito. Velho hábito este. Mas continuo a ouvir a mesma música. Música feita por mim. Influenciada pela “Garagem Hermética de J. Cornelius” de Moebius e por uma fotografia do meu pénis. Chama-se “Corpo Nu”. Fala de Amor sem falar de nada. Fala de nada com Amor.
Agora sim, o cigarro. Mas antes = SAVE.

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