segunda-feira, dezembro 11, 2006

Song # 79 - AGIRARTE 09


AGIR. GIRAR. ARTE
Decorria o ano de 1998 quando um grupo de pessoas insatisfeitas com o panorama cultural da terra se juntou para formar a O.H.s.XXI – Associação Cultural e Multimédia de Oliveira do Hospital. O objectivo primordial era então melhorar este panorama. Depois da sua formalização em Outubro, em Dezembro lançou-se a iniciativa "24 dias" que pretendia ser a rampa de lançamento da associação para o vazio cultural oliveirense. Artes plásticas, teatro, cinema e música eram o recheio destes 24 dias, sem que nenhum ficasse por preencher.
Deste programa ressaltou a iniciativa ligada às artes plásticas – a colocação de exposições de pintura em alguns locais públicos do concelho. Feito o brainstorming da iniciativa decidiu-se, entre outras coisas, manter, no sector das artes plásticas, o formato para os anos seguintes, com o nome de Agirarte. Palavra que funde três conceitos - agir, girar e arte. Chegados à nona edição, muito se aprendeu ao longo destes oito anos da iniciativa. Erros e sucessos foram-se sucedendo neste tempo.
No entanto, o sentido tem sido o de depurar a iniciativa para um aumento da sua qualidade sem macular o seu propósito de levar o melhor da nossa contemporaneidade aos oliveirenses. Alguns pequenos acontecimentos foram marcando esta iniciativa, decorrentes da associação a esta da sociedade civil e de algumas entidades públicas. Na edição 3, em 2000, iniciou-se a publicação anual do catálogo do festival; na edição 5, em 2002, lançou-se o Agirarte Júnior, uma mostra paralela ao festival com trabalhos elaborados pelos alunos das escolas do concelho, desde o pré-escolar ao 3.º ciclo, com os objectivos de despertar nos mais novos o gosto pela arte e de formar públicos para o futuro mais próximo; na edição 8, em 2005, foi lançado o Prémio Agirarte, que em 2006 terá o patrocínio do Município de Oliveira do Hospital.
A vencedora da primeira edição do prémio foi Florentina Resende com a obra Passagem pelo azul (foto). Este ano a novidade será a execução, pelas escolas do concelho, de um Cubo de Arte representativo do trabalho por elas desenvolvidas. Nos próximos anos será solicitada a participação de outras instituições. Nesta edição estará presente um colectivo de 39 artistas, nos quais se incluem oito finalistas do curso de artes da Escola Secundária de Oliveira do Hospital, com um total de cerca de 100 obras de pintura e escultura, espalhadas por 13 locais do concelho e numa extensão fora do concelho, em Góis (conforme o roteiro apresentado na página seguinte), sem esquecer os participantes no Agirarte Júnior, que rondam os 180.
Com este colectivo, o Agirarte apresenta-se como uma das maiores mostras de artes plásticas do país. De caminho, deixem-nos também reivindicar o pioneirismo do formato, já que recentemente vimos notícias de mostras do género em restaurantes a reivindicar a sua originalidade. A maioria dos trabalhos de 2006 será de pintura, havendo ainda a registar 15 trabalhos de escultura. Predomina o figurativismo e o abstraccionismo e deve registar-se a riqueza cromática aliada a técnicas de expressão já apuradas que engrandecem o conceito aristotélico do belo presente em todas as obras.
Em suma, perspectiva-se uma mostra com um elevado padrão de qualidade que aconselha uma visita a todos os espaços para fruir e "tomar algo"… Sem pretensiosismo, acho que o panorama cultural do concelho mudou nestes últimos anos, seja pelas muitas iniciativas levadas a cabo pela a OHs.XXI, seja pelas práticas que esta despoletou nos responsáveis políticos locais. Grupo de teatro POHS Palco, Encontros Pensar Século XXI, festival de curtas-metragens, ciclos de cinema, espectáculos diversos, Festa da Música e Agirarte, entre outros, rechearam nos últimos anos o panorama cultural do concelho.
De qualquer forma não estamos, nem devemos estar, satisfeitos com o estado das coisas. Ao contrário de algumas áreas para as quais, nos últimos anos, a evolução tecnológica tornou indiferente a localização geográfica, os eventos culturais ainda são apenas desfrutáveis tout court presencialmente, pelo que a distância aos grandes centros ainda se faz sentir. Uma vez que os públicos - e o desta terra é bastante difícil - não os sustentam, é com o empenho de entidades públicas, entidades privadas e sociedade civil que estas se tornam possíveis.

Manuel Machado
in S_21 / Novembro 2006
Post Scriptum: A obra “Sintonia” da autoria de João Viola foi a vencedora do Agirarte Prémio Município de Oliveira do Hospital 2006...

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