Entrevista Dead Combo para a Rádio Boa Nova/S_21/A Minha Guitarra Azul
Com: Tó Trips
31/10/2008
12:30
Bang, Bang! Vêm aí os Playboys!
Sendo esta a vossa primeira entrevista para a Rádio Boa Nova (embora não sendo a 1ª para Oliveira do Hospital. Os Dead Combo foram capa do primeiro nº do S_21 – Suplemento Cultural da OHs.21 no jornal Correio da Beira Serra - em Junho de 2006), peço-te que contes aos nossos ouvintes como surgiram os Dead Combo?
Tó Trips (TT): Eh pá, os Dead Combo surgiram, portanto… lembrei-me de fazer umas gravações sozinho de guitarra, depois decidi mostrar essas gravações a algumas pessoas, entre elas o Henrique Amaro, e que depois me convidou para gravar um tema para um disco de homenagem ao Carlos Paredes, chamado Movimentos Perpétuos (os Dead Combo participam com o tema Paredes Ambience), onde entram vários artistas… entretanto conheci o Pedro (Gonçalves, a outra metade da banda) num concerto do Howe Gelb, no final pedi-lhe boleia, pensava que o ele tinha carro mas afinal não tinha e viemos os dois a pé e convidei-o para ele meter um contra-baixo e pronto, assim surgiram os Dead Combo.
Desde 2004, ano em que lançaram o vosso disco de estreia, Vol.1, que se têm afirmado como a mais estimulante banda da nova música portuguesa. Estão satisfeitos com o percurso? Era isto que estavam à espera?
TT: Sim! Quer dizer… quando formámos a coisa não estávamos à espera de nada. Isto é uma banda ainda por cima instrumental, portanto, à partida, não passaria nas rádios… sei lá, não estávamos à espera que as pessoas viessem a gostar disto…
Sendo a vossa música transversal a todo o território nacional, porque impregnada de uma portugalidade muito própria, não será difícil adivinhar o quão acarinhados têm sido por esse país fora. Tem sido assim ou, por outro lado, encontram algumas dificuldades em passar o vosso som?
TT: Não… quer dizer… os sítios onde nós temos tocado as pessoas vão aparecendo… olha, uma vez apareceu (em Braga) uma senhora depois do concerto para nós assinarmos os discos dela, tinha 50 e tal anos, que nos disse que tinha sido ela que deu a conhecer a nossa música ao filho e que agora o filho também era fã, ou seja, é uma música que atravessa várias idades. Temos sido muito bem recebidos nos sítios onde tocamos, as pessoas dão-nos os parabéns e isso é sinal que nós cumprimos a nossa promessa…
Se Quando a Alma Não é Pequena já era mais luminoso do que Vol.1, notamos em Lusitânia Playboys que essa luminosidade, se não aumentou, pelo menos manteve-se. Arrisco a dizer que é o + world music de todos os vossos discos. Concordas?
TT: Por acaso é a primeira vez que ouço essa frase (risos). Sim, a ideia que nós pusemos no disco é um bocado essa, de as pessoas apanharem o barco e embarcarem para todo o lado, isto porque eu e o Pedro somos pessoas bastante ecléticas, ouvimos de tudo, desde rock a world music, blues e música portuguesa, sei lá… somos uns gajos ecléticos, gostamos de música, ao fim e ao cabo… a nossa música é uma música popular, uma música de rua, com mais arranjos (tarefa agendada para Pedro Gonçalves), claro, e isso nota-se neste último disco. Um disco mais cheio, o mais colorido deles todos, e onde os convidados estão em maior número (King Kongo Powers e Howe Gelb, entre outros, participam em Lusitânia Playboys). Como nós somos só dois, as coisas muitas vezes tornam-se um pouco herméticas e é fixe ter outras abordagens de outras pessoas e porque não aproveitar isso para uma gravação, já que ao vivo prefiro tocar só com o Pedro. É óbvio que às vezes temos convidados, mas nas gravações porque não enriquece-las com o conhecimento das pessoas que vêm de fora e que nós admiramos e gostamos. Ao fim e ao cabo é uma maneira de enriquecer o nosso trabalho.
É para continuar, a entrada em cena de outros músicos? A partir de Lusitânia Playboys, para onde pode ir o som Dead Combo?
TT: Pá, não sei se no próximo disco vai haver convidados. Às vezes é bom recomeçar. Não sei como é que vai ser o próximo disco, mas dá-me ideia que se calhar vamos ser só nós os dois, não sei… é voltar atrás, mas de uma outra maneira, não sei… não te sei dizer como é que vai ser o nosso próximo disco…
Dia 05 de Dezembro temos o prazer de vos ter por cá, no Auditório da Caixa de Crédito. O que é que o público oliveirense pode esperar de um concerto dos Dead Combo? Western Fado (termo que Tó Trips não gosta particularmente) com cravos e guitarras intemporais?
TT: Sim… e há uma coisa que se passa ao vivo que não passa muito nos discos. Os discos são registos de uma certa altura e que cristalizam a música. Prefiro o ao vivo porque as coisas são muito mais eléctricas e muito mais energéticas. Posso-me desfazer todo ao vivo, é aí que eu aplico as minhas energias. Ao vivo, um gajo tem que dar tudo naquele tempo e naqueles temas e é isso que as pessoas podem esperar de nós. Normalmente, damos sempre o litro ao vivo. Acho que as pessoas vão gostar.
Em palco, vocês são Tó Trips e Pedro Gonçalves ou as personagens criadas para esses nomes?
TT: Quer dizer… eu sou o Tó Trips e o Pedro é o Pedro Gonçalves, mas ao vivo encaramos duas personagens, o Gato Pingado (Tó) e o Mafioso (Pedro), que têm tudo a ver com o mundo Dead Combo…
Antes do concerto, vão ser exibidos os Pocket Movies, do Paulo Abreu, nosso e vosso amigo. Como diz o Sérgio Godinho, isto anda tudo ligado, não é? Uns gajos vêm de Lisboa tocar ao interior, chegam cá e levam com os vídeos de um gajo de Lisboa, que filma no interior…
TT: (gargalhada) Acho saudável. Acho super saudável as coisas não terem um centro, não ser só Lisboa ou Porto… essa história da regionalização faz todo o sentido, ainda por cima a minha família é do interior e há sempre aquelas histórias de terem que vir a Lisboa para tratar disto ou daquilo… Acho saudável isso acontecer aí. É um país, né? Aliás, sou casado com uma mulher que é do interior, de Viseu…
Com: Tó Trips
31/10/2008
12:30
Bang, Bang! Vêm aí os Playboys!
Sendo esta a vossa primeira entrevista para a Rádio Boa Nova (embora não sendo a 1ª para Oliveira do Hospital. Os Dead Combo foram capa do primeiro nº do S_21 – Suplemento Cultural da OHs.21 no jornal Correio da Beira Serra - em Junho de 2006), peço-te que contes aos nossos ouvintes como surgiram os Dead Combo?
Tó Trips (TT): Eh pá, os Dead Combo surgiram, portanto… lembrei-me de fazer umas gravações sozinho de guitarra, depois decidi mostrar essas gravações a algumas pessoas, entre elas o Henrique Amaro, e que depois me convidou para gravar um tema para um disco de homenagem ao Carlos Paredes, chamado Movimentos Perpétuos (os Dead Combo participam com o tema Paredes Ambience), onde entram vários artistas… entretanto conheci o Pedro (Gonçalves, a outra metade da banda) num concerto do Howe Gelb, no final pedi-lhe boleia, pensava que o ele tinha carro mas afinal não tinha e viemos os dois a pé e convidei-o para ele meter um contra-baixo e pronto, assim surgiram os Dead Combo.
Desde 2004, ano em que lançaram o vosso disco de estreia, Vol.1, que se têm afirmado como a mais estimulante banda da nova música portuguesa. Estão satisfeitos com o percurso? Era isto que estavam à espera?
TT: Sim! Quer dizer… quando formámos a coisa não estávamos à espera de nada. Isto é uma banda ainda por cima instrumental, portanto, à partida, não passaria nas rádios… sei lá, não estávamos à espera que as pessoas viessem a gostar disto…
Sendo a vossa música transversal a todo o território nacional, porque impregnada de uma portugalidade muito própria, não será difícil adivinhar o quão acarinhados têm sido por esse país fora. Tem sido assim ou, por outro lado, encontram algumas dificuldades em passar o vosso som?
TT: Não… quer dizer… os sítios onde nós temos tocado as pessoas vão aparecendo… olha, uma vez apareceu (em Braga) uma senhora depois do concerto para nós assinarmos os discos dela, tinha 50 e tal anos, que nos disse que tinha sido ela que deu a conhecer a nossa música ao filho e que agora o filho também era fã, ou seja, é uma música que atravessa várias idades. Temos sido muito bem recebidos nos sítios onde tocamos, as pessoas dão-nos os parabéns e isso é sinal que nós cumprimos a nossa promessa…
Se Quando a Alma Não é Pequena já era mais luminoso do que Vol.1, notamos em Lusitânia Playboys que essa luminosidade, se não aumentou, pelo menos manteve-se. Arrisco a dizer que é o + world music de todos os vossos discos. Concordas?
TT: Por acaso é a primeira vez que ouço essa frase (risos). Sim, a ideia que nós pusemos no disco é um bocado essa, de as pessoas apanharem o barco e embarcarem para todo o lado, isto porque eu e o Pedro somos pessoas bastante ecléticas, ouvimos de tudo, desde rock a world music, blues e música portuguesa, sei lá… somos uns gajos ecléticos, gostamos de música, ao fim e ao cabo… a nossa música é uma música popular, uma música de rua, com mais arranjos (tarefa agendada para Pedro Gonçalves), claro, e isso nota-se neste último disco. Um disco mais cheio, o mais colorido deles todos, e onde os convidados estão em maior número (King Kongo Powers e Howe Gelb, entre outros, participam em Lusitânia Playboys). Como nós somos só dois, as coisas muitas vezes tornam-se um pouco herméticas e é fixe ter outras abordagens de outras pessoas e porque não aproveitar isso para uma gravação, já que ao vivo prefiro tocar só com o Pedro. É óbvio que às vezes temos convidados, mas nas gravações porque não enriquece-las com o conhecimento das pessoas que vêm de fora e que nós admiramos e gostamos. Ao fim e ao cabo é uma maneira de enriquecer o nosso trabalho.
É para continuar, a entrada em cena de outros músicos? A partir de Lusitânia Playboys, para onde pode ir o som Dead Combo?
TT: Pá, não sei se no próximo disco vai haver convidados. Às vezes é bom recomeçar. Não sei como é que vai ser o próximo disco, mas dá-me ideia que se calhar vamos ser só nós os dois, não sei… é voltar atrás, mas de uma outra maneira, não sei… não te sei dizer como é que vai ser o nosso próximo disco…
Dia 05 de Dezembro temos o prazer de vos ter por cá, no Auditório da Caixa de Crédito. O que é que o público oliveirense pode esperar de um concerto dos Dead Combo? Western Fado (termo que Tó Trips não gosta particularmente) com cravos e guitarras intemporais?
TT: Sim… e há uma coisa que se passa ao vivo que não passa muito nos discos. Os discos são registos de uma certa altura e que cristalizam a música. Prefiro o ao vivo porque as coisas são muito mais eléctricas e muito mais energéticas. Posso-me desfazer todo ao vivo, é aí que eu aplico as minhas energias. Ao vivo, um gajo tem que dar tudo naquele tempo e naqueles temas e é isso que as pessoas podem esperar de nós. Normalmente, damos sempre o litro ao vivo. Acho que as pessoas vão gostar.
Em palco, vocês são Tó Trips e Pedro Gonçalves ou as personagens criadas para esses nomes?
TT: Quer dizer… eu sou o Tó Trips e o Pedro é o Pedro Gonçalves, mas ao vivo encaramos duas personagens, o Gato Pingado (Tó) e o Mafioso (Pedro), que têm tudo a ver com o mundo Dead Combo…
Antes do concerto, vão ser exibidos os Pocket Movies, do Paulo Abreu, nosso e vosso amigo. Como diz o Sérgio Godinho, isto anda tudo ligado, não é? Uns gajos vêm de Lisboa tocar ao interior, chegam cá e levam com os vídeos de um gajo de Lisboa, que filma no interior…
TT: (gargalhada) Acho saudável. Acho super saudável as coisas não terem um centro, não ser só Lisboa ou Porto… essa história da regionalização faz todo o sentido, ainda por cima a minha família é do interior e há sempre aquelas histórias de terem que vir a Lisboa para tratar disto ou daquilo… Acho saudável isso acontecer aí. É um país, né? Aliás, sou casado com uma mulher que é do interior, de Viseu…
Luís Antero/Rádio Boa Nova
Foto: Tó Trips © Joana Mendonça @ www.bodyspace.net
Foto: Tó Trips © Joana Mendonça @ www.bodyspace.net
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