domingo, março 25, 2007

Song # 107 - A Minha Guitarra Azul - Emissão # 12 - Manuel Göttsching - E2-E4




A história completa é apresentada no texto que acompanha esta reedição comemorativa dos 25 anos decorridos sobre a gravação original de «E2-E4». Como muitas outras peças de música, resultou de uma sessão privada que por acaso ficou gravada. Göttsching podia não ter registado este mantra de 59 minutos e simplesmente ter disfrutado no seu momento de iluminação da incrível elevação que esta música proporciona. Tudo aconteceu em casa, depois do regresso de uma tournée com Klaus Sculze, mas o alcance foi global. Em 2006, James Murphy (LCD Soundsystem) gravou «45:33» para a Nike e a justificação mais comum que ele próprio deu para ter aceite o convite foi que este era uma excelente oportunidade para fazer algo parecido ao que Manuel Göttsching havia feito com «E2-E4». Também em 2006, Joe Clausell intervém sobre originais de MG; no final de 2005, Prins Thomas chama simplesmente «Goettsching»; antes ainda, em 1989, surge a que é tida como primeira homenagem a «E2-E4», gravada em Itália por Sueño Latino (comum em produções italianas da época fazerem-se versões de clássicos da electrónica como Jean-Michel Jarre ou Vangelis) e revista em 91/92 por Carl Craig e Derrick May em Detroit. Vinte anos antes, em 1971, Göotsching gravava o primeiro álbum com Harmut Enke e Klaus Sculze sob o nome Ash Ra Tempel, durante toda a década de 70 uma referência constante na Música Cósmica produzida na Alemanha, apesar de o último álbum com esse nome ser de 1973. Os elementos dispersaram-se, alguns (incluindo MG) continuaram como Ashra e em projectos a solo. MG grava em 1975 «Inventions For Electric Guitar» em seu nome e, mais pequeno, Ash Ra Tempel VI porque era o sexto álbum no conjunto da obra. Dois anos depois estreava o Episódio IV da saga «Star Wars» e o nome de R2D2 ficou para sempre como a base teórica para o título de «E2-E4», na verdade a jogada de abertura mais comum no xadrez. No final do seu contrato com a Virgin, Göttsching reconhecia que seria difícil editar o disco e, em 1982, o melhor que conseguiu foi uma reacção entusiástica de Richard Branson, entretanto desligado da Virgin-editora. «E2-E4» seria editado apenas em 1984, em LP, e só em 1990, com a edição em CD, a música foi realmente apreciada tal como tinha sido gravada: de uma só vez. Um take apenas e estava feito o mantra perfeito para todas as festas house, techno e trance que proliferaram nos anos 90. A densidade de textura, ambiência, o ritmo sugerido, são ainda hoje pilares que aguentam esta música em qualquer circunstância sem que se note sequer a idade, já que a electrónica utilizada não revela datação concreta. Como guitarrista, MG escolhe intervir apenas aos 30 minutos.
in mailing LOST #288 23 março 2007 www.flur.pt loja@flur.pt



Metamorphose 2006-Manuel Göttsching/E2-E4

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