domingo, dezembro 31, 2006

Song # 84 - 2006 - Hora de Balanço - Parte 4 (objecto/ícone)


A Buddha Machine foi para a minha guitarra azul o objecto do ano. Em complemento fica aqui tb um excelente disco - Jukebox Buddha - feito com o recurso a este pequeno ícone de 2006, com nomes como Blixa Bargeld, Sunn O))), Robert Hencke, Adrian Sherwood ou Sun City Girls. From China to the world, everyday, everywhere, anytime... (ver Song # 61, de 07 de Setembro)

Song # 83 - 2006 - Hora de Balanço - Parte 3 (livros)



Jack Kerouac - Os Subterrâneos (Relógio D'Água) - ver Song # 69, de 13 de Novembro
Neil McCormick - U2 By U2 (U2 Limited/Fubu Editores)
ler + em: S_21 - Dezembro/2006 (link aí ao lado)

Song # 82 - 2006 - Hora de Balanço - Parte 2 (ainda os discos)



sábado, dezembro 30, 2006

Song # 81 - 2006 - Hora de Balanço: Discos, Livros, Filmes, Objectos...









Discos: Os 10 + para a minha guitarra azul
1 - Burial - Burial (Hyperdub) - ver capa na parte 2
2 - Comets On Fire - Avatar (Sub Pop) - ver capa na parte 2
3 - The Black Angels - Passover (Light In The Attic) - ver capa na parte 2
4 - Liars - Drums Not Dead (Mute)
5 - Sonic Youth - Rather Ripped (Geffen)
6 - Clap Your Hands Say Yeah - Clap Your Hands Say Yeah (Wichita Recordings)
7 - TV On The Radio - Return To Cookie Mountain (4AD)
8 - Fujiya & Miyagi - Transparent Things (Tirk)
9 - Johnny Cash - American V: A Hundred Highways (Lost Highway)
10 - Dead Combo - Quando A Alma Não É Pequena, Vol. II (Dead & Company/Universal)

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Song # 80 - Stereo Ego e d-.-b no Auditório da Caixa de Crédito de Oliveira do Hospital


Electronicamente falando, vai ser inaugurado o Auditório da Caixa de Crédito de Oliveira do Hospital com 2 concertos multimédia a cargo dos projectos locais d-.-b e Stereo Ego. O evento acontece já no sábado, 23/12, e, obviamente, estão todos convidados.
d-.-b - natural net work - www.myspace.com/r_i
A Imagem e o Som são as formas de expressão deste projecto.
Depois de vários anos como VJ profissional no Porto,
Rui Monteiro refugia-se na produção musical no seu estúdio "serrano"
com o objectivo de criar um concerto que estabelecesse várias relações entre a imagem e música.
Com o seu piano "mágico", apresenta agora os primeiros concertos,
como uma celebração da capacidade tecnológica ao nosso alcance.
Stereo Ego - www.myspace.com/stereoego
É um projecto audiovisual constituído por dois membros e sedeado em Oliveira do Hospital. No espectro artístico Stereo Ego caracteriza-se pela produção de sons e imagens que se combinam num só elemento indissociável. É este elemento o objecto central do projecto. Através dele, levamos ao público sensações sonoras e visuais.
Som e imagem, sendo uno, ao vivo são manipulados em tempo real de forma a tornar as sensações (nossas e vossas) mais dinâmicas.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Song # 79 - AGIRARTE 09


AGIR. GIRAR. ARTE
Decorria o ano de 1998 quando um grupo de pessoas insatisfeitas com o panorama cultural da terra se juntou para formar a O.H.s.XXI – Associação Cultural e Multimédia de Oliveira do Hospital. O objectivo primordial era então melhorar este panorama. Depois da sua formalização em Outubro, em Dezembro lançou-se a iniciativa "24 dias" que pretendia ser a rampa de lançamento da associação para o vazio cultural oliveirense. Artes plásticas, teatro, cinema e música eram o recheio destes 24 dias, sem que nenhum ficasse por preencher.
Deste programa ressaltou a iniciativa ligada às artes plásticas – a colocação de exposições de pintura em alguns locais públicos do concelho. Feito o brainstorming da iniciativa decidiu-se, entre outras coisas, manter, no sector das artes plásticas, o formato para os anos seguintes, com o nome de Agirarte. Palavra que funde três conceitos - agir, girar e arte. Chegados à nona edição, muito se aprendeu ao longo destes oito anos da iniciativa. Erros e sucessos foram-se sucedendo neste tempo.
No entanto, o sentido tem sido o de depurar a iniciativa para um aumento da sua qualidade sem macular o seu propósito de levar o melhor da nossa contemporaneidade aos oliveirenses. Alguns pequenos acontecimentos foram marcando esta iniciativa, decorrentes da associação a esta da sociedade civil e de algumas entidades públicas. Na edição 3, em 2000, iniciou-se a publicação anual do catálogo do festival; na edição 5, em 2002, lançou-se o Agirarte Júnior, uma mostra paralela ao festival com trabalhos elaborados pelos alunos das escolas do concelho, desde o pré-escolar ao 3.º ciclo, com os objectivos de despertar nos mais novos o gosto pela arte e de formar públicos para o futuro mais próximo; na edição 8, em 2005, foi lançado o Prémio Agirarte, que em 2006 terá o patrocínio do Município de Oliveira do Hospital.
A vencedora da primeira edição do prémio foi Florentina Resende com a obra Passagem pelo azul (foto). Este ano a novidade será a execução, pelas escolas do concelho, de um Cubo de Arte representativo do trabalho por elas desenvolvidas. Nos próximos anos será solicitada a participação de outras instituições. Nesta edição estará presente um colectivo de 39 artistas, nos quais se incluem oito finalistas do curso de artes da Escola Secundária de Oliveira do Hospital, com um total de cerca de 100 obras de pintura e escultura, espalhadas por 13 locais do concelho e numa extensão fora do concelho, em Góis (conforme o roteiro apresentado na página seguinte), sem esquecer os participantes no Agirarte Júnior, que rondam os 180.
Com este colectivo, o Agirarte apresenta-se como uma das maiores mostras de artes plásticas do país. De caminho, deixem-nos também reivindicar o pioneirismo do formato, já que recentemente vimos notícias de mostras do género em restaurantes a reivindicar a sua originalidade. A maioria dos trabalhos de 2006 será de pintura, havendo ainda a registar 15 trabalhos de escultura. Predomina o figurativismo e o abstraccionismo e deve registar-se a riqueza cromática aliada a técnicas de expressão já apuradas que engrandecem o conceito aristotélico do belo presente em todas as obras.
Em suma, perspectiva-se uma mostra com um elevado padrão de qualidade que aconselha uma visita a todos os espaços para fruir e "tomar algo"… Sem pretensiosismo, acho que o panorama cultural do concelho mudou nestes últimos anos, seja pelas muitas iniciativas levadas a cabo pela a OHs.XXI, seja pelas práticas que esta despoletou nos responsáveis políticos locais. Grupo de teatro POHS Palco, Encontros Pensar Século XXI, festival de curtas-metragens, ciclos de cinema, espectáculos diversos, Festa da Música e Agirarte, entre outros, rechearam nos últimos anos o panorama cultural do concelho.
De qualquer forma não estamos, nem devemos estar, satisfeitos com o estado das coisas. Ao contrário de algumas áreas para as quais, nos últimos anos, a evolução tecnológica tornou indiferente a localização geográfica, os eventos culturais ainda são apenas desfrutáveis tout court presencialmente, pelo que a distância aos grandes centros ainda se faz sentir. Uma vez que os públicos - e o desta terra é bastante difícil - não os sustentam, é com o empenho de entidades públicas, entidades privadas e sociedade civil que estas se tornam possíveis.

Manuel Machado
in S_21 / Novembro 2006
Post Scriptum: A obra “Sintonia” da autoria de João Viola foi a vencedora do Agirarte Prémio Município de Oliveira do Hospital 2006...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

quarta-feira, novembro 29, 2006

Song # 77 - As 10 melhores sobre «work»

+ 1ma vez o amigo Tavares dá a dica. Desta vez as melhores...

1 - The Smiths - Frankly, Mr. Shankly
2 - Johnny Paycheck - Take This Job and Shove It
3 - The Clash - Janie Jones
4 - The clash-The Magnificent Seven
5 - Roy orbison - Workin For The Man
6 - The Who - The Dirty Job
7 - Go-Kart Mozart - On a Building Site
8 - The Specials - Maggie`s Farm
9 - Tennessee Ernie Ford - Sixteen Tons
10 - The Jam - Smithers-Jones

Song # 76 - Space Trio / Space Trip

Um OMNI (Objecto Musical Não Identificado) aterrou ontem no palco do Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro, por ocasião de + 1ma edição do Out.Fest., comandado por Rafael Toral, com os musicnautas Afonso Simões na bateria e Pedro Lourenço no baixo. Experimentália jazzy de Marte.
Space Trip / Space Trio. Yeah.
Antes, Ruben Da Costa + PCF Moya, e apesar dos problemas técnicos iniciais, aqueceram eficazmente a casa, proporcionando o tal "todo-nuvem de som manifestamente meditativo e em suspensão". Experimentália terrestre.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Song # 75 - Out.Fest 2006 - Encontros de Música e Imagem do Barreiro


Ora aí está + 1ma edição do Out.Fest - Encontros de Música e Imagem do Barreiro, a decorrer entre 24 de Novembro e 16 de Dezembro. Concertos, exposições, instalações e workshops serão o prato forte destes encontros.

terça-feira, novembro 21, 2006

Song # 74 - NO MUSIC DAY: 21st NOVEMBER

O fundador dos electrónicos KLF (entre outros feitos +- bizarros), Bill Drummond, instituiu o dia de hoje, 21/11/2006, como o 1º dia sem música. A coisa é para repetir todos os anos. Segundo Bill Drummond pode-se ler sobre música, falar sobre música, acima de tudo pensar sobre música, mas nunca ouvir música no dia de hoje. Enfim, dar-lhe algum descanso e aproveitar para pensar qual o lugar que a música hoje ocupa no mundo e nas nossas vidas. Por mim, tudo bem.
http://en.wikipedia.org/wiki/Bill_Drummond

Song # 73 - «Lusofonia - A [R]Evolução»


«Portugal, Junho de 2006. Um passeio em dezenas de cidades dava-nos um cenário de bandeiras desfraldadas: a Portuguesa, Brasileira e Angolana. Frequentemente juntas, foram consequência do impacto de um jogo (o futebol) na valorização de identidades, por ocasião do Mundial.
É no mesmo Portugal que uma geração de músicos usa dimensões das suas identidades para retirarem matéria prima para se recriarem com sons, batidas, ritmos e melodias. Tal como o desporto, a música tem a capacidade de unificar, e se a Lusofonia se materializou na geminação de bandeiras com o futebol, é ela que une músicos, DJs e produtores num só movimento.
“Lusofonia, A (R)Evolução”, é um documentário que retrata a música no espaço lusófono. Ao debruçar-se sobre um movimento musical que emerge da cidade de Lisboa – que passa por Sara Tavares, Lura, Nell Assassin, SP&Wilson, Nigga Poison, Chullage, Da Weasel, Cool Hipnoise ou Buraka Som Sistema – contextualiza-o à luz de vários momentos históricos, políticos, sociais e musicais. Mais, estabelece-lhe a ponte com África (de Raúl Indipwo, Tito Paris, Celina Pereira, Tcheka ou Bonga) e Brasil (de Chico Buarque, Seu Jorge ou Marcelo D2), evidenciando a partilha de afeições musicais, estéticas e as inspirações.
Este documentário surge através da delegação portuguesa da Red Bull Music Academy. Esta plataforma mundial de música está radicada em mais de 50 países, tornando “Lusofonia, A (R)Evolução” um cartão de visita da Lusofonia e do movimento de Lisboa. É também o marcar de uma posição de forma genuína dados os sinais evidentes de uma partilha de afectos Lusófonos – tão bem expressos, de novo, no desporto e na música...»
«Lusofonia, A [R]Evolução» foi ontem apresentado no Fórum Fnac do Chiado, para uma plateia diminuta, mas interessada...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Song # 72 - [9] Imagens Sobre Música

De 21 a 25 de Novembro a Fonoteca Municipal de Lx apresenta [9] Imagens Sobre Música - Mostra de Filmes Documentários, já na 2ª edição, e que pretende divulgar os "+ recentes filmes documentários de temática musical produzidos em Portugal" , através de 9 documentários/cine-tributos de duração variável.
"Abrindo com um filme em estreia, nesta 2ª edição cruzam-se aspectos multifacetados da vida musical portuguesa - o trajecto de algumas bandas rock actuais, a preparação da Marcha num bairro lisboeta, os processos de montagem de uma produção operática, os discursos em tornode tradições musicais e o percurso biográfico de compositores e intérpretesincontornáveis a cena nacional."
+ info: fonoteca@cm-lisboa.pt - entrada livre
Programa:
21 Novembro (Terça-feira)
[18:00] Humanos - A Vida em Variações ( 32 ' ) [1]realiz. António Ferreira;prod. Zed Filmes – Curtas e Longas, 2006.
[18:40] Ópera Aberta ( 75 ' )realiz. Leonor Areal;prod. Videamus e Teatro da Trindade/Inatel, 2005.
22 Novembro (Quarta-feira)
[18:00] Na Pele do Urso ( 28 ' )realiz. Madalena Miranda;prod. Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
[18:40] The Art of Amália ( 90 ' )realiz. Bruno de Almeida;prod. Valentim de Carvalho e Arco Films, 2004.
23 Novembro (Quinta-feira)
[18:00] Rockumentário ( 40 ' )realiz. Sandra Castiço;prod. Zed Filmes – Curtas e Longas, 2006.[18:50] O Candidato Vieira ( 74 ' )realiz. Bruno de Almeida;prod. Valentim de Carvalho e Arco Films, 2004.
24 Novembro (Sexta-feira)
[18:00] Gosto de ti como és ( 57 ' ) [2]realiz. Sílvia Firmino;prod. Laranja Azul e EGEAC, 2005.[19:10] Movimentos Perpétuos – Tributoa Carlos Paredes ( 70 ' ) [3]realiz. Edgar Pêra; prod. Corda Seca, 2006.
25 Novembro (Sábado)
[18:00] Encontros ( 115 ' ) [4]realiz. Pierre-Marie Goulet;prod. Costa do Castelo Filmes, Athanor e Zarafa Films, 2006.
Legendas:
[1] Estreia
[2] Prémio Melhor Documentário Português doFestival DocLisboa 2005
[3] Prémio Melhor Longa-metragem Portuguesa, Prémio Melhor Fotografia para Filme Português e Prémio do Público para Longa-metragem do Festival Indie Lisboa 2006
[4] Prémio Melhor Som do FID Marseille 2006

quarta-feira, novembro 15, 2006

Song # 71 - As 10 piores sobre «work»


Por sugestão do amigo Tavares, aqui fica a lista das 10 piores canções sobre essa coisa maçuda que dá pelo nome de trabalho, pelo menos no entender da revista «Uncut». Bom trabalho.
1-Rolling stones-"salt of the earth"
2-Mick jagger-"lets work"
3-Sheena easton-"9 to 5"
4-Bob seger-"i`ve been working"
5-The police."dead end job"
6-Dire straits-"money for nothing"
7-The offspring-"Why dont you get a job"
8-Bernard cribbins-"hole in the ground"
9-Hue and Cry-"Labour of love"
10-Deacon blue-"wages day"

Song # 70 - Six Organs Of Admittance na ZDB

---Transcrevo aqui o integral da ultima newsletter da Ananana--- www.ananana.pt
Ben Chasny, mais conhecido pelo seu projecto Six Organs of Admittance, mas também colaborador regular nos Comets On Fire, Current 93, August Born e muitos outros, regressa mais uma vez a Portugal (vimo-lo há menos de um mês em palco com os Comets). Após os seu espectáculo no Lux, em Abril de 2005, é altura de rever um mestre da guitarra numa sala mais intimista e quente. Dia 17 Six Organs of Admittance na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, por volta das 23 horas.
Six Organs of Admittance «The Sun Awakens»
Se a fórmula Six Organs of Admittance enquadrava o trabalho mais “folk oriented” de Ben Chasny, o que ouvimos no novo “The Sun Awakens” entra resolutamente no território percorrido pelo seu grupo psych-noise Comets on Fire, do qual, aliás, vem o baterista que o acompanha, Chris Corsano, músico que está a ganhar particular fama pelos lados do free jazz e que já tinha feito uma aparição no anterior “School of the Flower”. Uma guitarra eléctrica em distorção também entra em cena, dobrando a acústica que é a imagem de marca do “som” Six Organs, evidenciando-se muito particularmente nos “drones” de “Black Wall” e “Attar”, duas das mais intensas canções de sempre desta figura da “new weird America”, a segunda parecendo simplesmente a continuação da primeira. A “piéce de resistance” do álbum é, porém, o mantra “River of Transfiguration”, com os seus 24 minutos de experimentalismo rock e de modalismo inspirado na música indiana, em jeito de “freak out”. Talvez o mais ambicioso disco até à data do projecto, tem uma aura “dark” que não é propriamente habitual na música de Chasny, consequência certamente das suas colaborações com David Tibet nos Current 93. Esta ligação faz-nos pensar na que Tibet tem, por sua vez, com Stapleton, a alma dos Nurse With Wound, especializado na elaboração de paisagens sonoras, e o certo é que a peça de fundo deste CD se aproxima desse domínio. Mais adiante ficaremos a saber se é uma via a seguir...
Six Organs of Admittance «School of The Flower»
As coordenadas deste novo álbum dos Six Organs of Admittance não deixam de ser curiosas: o mentor do projecto, Ben Chasny, foi muito evidentemente influenciado no seu manejo da guitarra acústica por John Fahey e Robbie Basho, mas aplica os conhecimentos bebidos na audição destes em situações que são mais pop do que alguma vez aquelas figuras das seis cordas alguma vez intencionaram; depois, acontece que o outro membro do duo é o baterista e percussionista Chris Corsano, de nome feito nos meios do free jazz mas que aqui está claramente a experimentar terreno novo. Resultado: um trabalho que transpira folk por todos os lados mas que os seus criadores se recusam a identificar como tal ("fuck folk, love music!", dizem eles), que só é rock momentaneamente, apesar da intenção filiatória dos dois músicos ("rock is the new folk", defendem também), e que evidencia o gosto de ambos pelo experimentalismo sem nunca se desviar do formato clássico da canção. A referência confessada do tema que dá nome ao disco é "Church of Anthrax" de John Cale e Terry Riley, o primeiro um autor de canções pop/rock de bom recorte que passou por La Monte Young e Velvet Underground e o outro um compositor que começou por ser radical e polémico para se tornar um arauto do "mainstream" contemporâneo, mas depressa se torna claro que os Gastr del Sol de David Grubbs e Jim O'Rourke se colocaram de permeio no seu imaginário musical. No meio de tantos "nem-nem", não sendo "nem uma coisa nem outra", de algo podemos estar certos: os Six Organs of Admittance não pertencem à "new weird America" de que falou a revista Wire. Uma música assim tão serena não podia mesmo ser considerada "esquisita".De registar que o último tema do disco se chama "Lisbon", resultado de uma passagem de Chasny pela capital portuguesa. Mais um músico estrangeiro que fica tomado de saudades pelas ruas do Bairro Alto...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Song # 69 - Jack Kerouac - «Os Subterrâneos»


A editora Relógio d'Água acaba de lançar no mercado português «Os Subterrâneos», livro de Jack Kerouac, editado originalmente em 1958, com tradução (excelente) de Paulo Faria.
+ uma vez Kerouac dá-nos uma peça de rara beleza, onde o ritmo serpenteante da estcrita se confunde com esse outro ritmo, o do bop, que tanto amava. Um livro apaixonante e sincero movido a jazz, onde nos relata uma bela, embora estranha, história de amor, passada em S. Francisco... William Burroughs, Allen Ginsberg e Gregory Corso também andam por lá, embora disfarçados. + 1 must deste nome maior e incontornável da Beat Generation.

terça-feira, novembro 07, 2006

Song # 68 - Out Level na Rádio Zero

O projecto de música experimental Out Level vai + 1ma vez estar na Rádio Zero, desta feita para a gravação de um concerto que será exibido ainda este mês (depois dou noticias). A gravação terá lugar amanhã pelas 22:00, no novísiimo programa 4x3, da autoria de Pedro Lopes. Esta é já a 2ª colaboração com a Rádio Zero - mto obrigado - depois de um programa para a rede internacional Radia com uma peça de 50' intitulada Experimental Free Radio.
Rádio Zero :: dilatação auditiva, expansão mental http://radio.ist.utl.pt
Radio Zero is a founding member of Radia http://radia.fm/

quinta-feira, novembro 02, 2006

Song # 67 - Exploratory Music From Portugal...


+ 1 nº da pretigiada WIRE com destaque para Portugal. Assinala-se + 1ma edição do festival Atlantic Waves (exploratory music from portugal and beyond)e a WIRE traz consigo um duplo cd com alguns dos nomes presentes na edição deste ano.
O 1º cd, "Atlantic Waves 2006", dá-nos Shlomo ("Intro", nunca editado, 2006), Carlos Bica ("Hank", do LP "Single", 2005), Maria João e Mário Laginha ("Pés no Chão", do LP "Tralha", 2004), Carlos Zíngaro & carlos Santos ("CZCS_Wave'06", nunca editado, 2006) ou Américo Rodrigues ("Voltar", nunca editado, 2006); o 2º cd, o já habitual "The Wire Sampler", traz, por ex., Victor Gama ("Jetstream (wind On Totem Harp)", nunca editado, 2006), Paulo Raposo ("Stanza (For Marta)", nunca editado, 2006), Alfredo Costa Monteiro ("Umbral", nunca editado, 2006) ou Margarida Garcia & Manuel Mota ("Amiens", nunca editado, 2006). Ambos os cd's são compilados por Miguel Santos, da Fundação Calouste Gulbenkian, responsável pela programação do "Atlantic Waves".
Um interessante texto sobre o músico Victor Gama aparece tb neste nº da WIRE.
+info: consultem o link aí ao lado
Atlantic Waves - info@atlanticwaves.org.uk

terça-feira, outubro 31, 2006

Song # 66 - 17 Movimentos para Carlos Paredes


"O Porto exerceu sobre mim, sobre a minha maneira de tocar, uma profunda influência. Uma influência que se revelou, por exemplo, através dos cineclubes. Eu fui cine-clubista e houve um facto que me revelou vários aspectos da música ligada à imagem. Foi precisamente o facto de eu ter tido a honra de ter sido convidado por Manoel de Oliveira para lhe fazer a música de fundo de um documentário intitulado "Os Desenhos do Meu Irmão Júlio""
Assim começa "Movimentos Perpétuos – Cine-Tributo a Carlos Paredes", do realizador independente Edgar Pêra, que nos oferece, em 17 movimentos, imagens improvisadas sobre música de Carlos Paredes, uma homenagem muito pessoal ao homem que, nas palavras de José Carlos Vasconcelos, "exprime como ninguém uma certa alma portuguesa, em que tenha ao mesmo tempo o que há de saudade, de nostalgia na alma portuguesa, por isso passado, mas um passado vindo do futuro...", acrescentando ser este um dos "mistérios geniais da sua arte, da sua música".
O ponto de partida de todo o filme é um concerto de Carlos Paredes no Auditório Carlos Alberto, no Porto, sendo por isso a música e a voz do guitarrista uma constante ao longo de todo o filme. "Há um tipo de artista popular que desapareceu das cidades, mas que ainda se mantém nas aldeias, que é o narrador de histórias", diz-nos Paredes, que ao longo do filme narra também a sua história, confundindo-se esta com a história da guitarra portuguesa. Fala-nos do Porto, Coimbra e Lisboa, as suas 3 cidades, do pai e do avô, seus mestres na guitarra e é ao ouvi-lo que nos apercebemos da sua profunda humildade, aquela que quase pede perdão por existir, por tocar guitarra, por ter que afinar a guitarra para a poder tocar...
Edgar Pêra dá-nos tudo isto à sua maneira, à maneira indie, em Super8, estabelecendo um diálogo entre a guitarra de Paredes e sua câmara, que viajou de Cacilhas até Xangai, passando por Nova Iorque ou Paris, para nos dar imagens fragmentadas, manipuladas, cheias de cor, que servem na perfeição a música e a imagem de Carlos Paredes. Os testemunhos de José Carlos Vasconcelos, Rui Vieira Nery, Malangatana, José Jorge Letria, Paulo Rocha ou Avelino Tavares, ajudam a perceber a vida e a obra de Carlos Paredes, um homem que, segundo as palavras de Avelino Tavares, foi muito mal tratado por este país.
"Estar um homem destes, com este génio, a arquivar radiografias num hospital...". Portugal também anda há algum tempo a tratar muito mal Edgar Pêra.
"Movimentos Perpétuos", de Edgar Pêra, Portugal, 2006
in S_21 / Outubro 2006

Song # 65 - "Tensão Pós-Milenar"

A cada vez mais influente editora londrina Hyperdub, pertença do produtor Steve Goodman, mais conhecido pelo pseudónimo Kode9, conta agora com mais uma figura de peso, o também londrino Burial. De Burial que, a par com Kode9, traça as novas coordenadas do dubstep, género musical recente e emergente baseado nos princípios do dub, drum’n’bass ou uk garage, nada se sabe, já que o produtor prefere estar anonimamente presente, como que a dizer que o mais importante é a sua criação artística e nada mais.
Parece que Burial construiu "BURIAL", o disco, utilizando um antigo software de produção musical, coisa que com o avanço interminável da tecnologia parece desapropriado, mas o efeito conseguido é arrebatador. Razão tem a revista WIRE em afirmar ser este já um dos discos do ano. O que aqui ouvimos é predominantemente instrumental, cinemático, nostalgicamente denso, predominado pelo negro dos graves e pelo som característico do vinilo gasto, juntamente com a desaceleração de breakbeats, dando-nos uma constante sensação de tensão. Imaginamos uma cidade submersa num registo sci-fi.
Aqui o ruído seduz e serve de pano de fundo para o cadenciar do dub, descontínuo, libertário. Pelo "meio" temos Spaceape, o homem das palavras da Hyperdub. Potente voz grave que debita poesia urbana urgente. "We are hostile aliens..." Vítor Belanciano, do jornal Público, referiu-se a "BURIAL" como "o murmúrio mais profundo das grandes metrópoles, um disco feito de silêncios tumultuosos". Está tudo dito. Este é um dos álbuns do ano.
Burial, "BURIAL", Hyperdub, 2006
in S_21 / Outubro 2006

sexta-feira, outubro 20, 2006

quarta-feira, outubro 11, 2006

Song # 63 - WIRE com Rafael Toral

O último número da prestigiada WIRE traz nas suas páginas um apaixonante artigo sobre o ultimo disco de Rafael Toral, "Space", assim como uma admirável entrevista a este pioneiro da electrónica lusa, onde se descobrem novos e velhos olhares sobre a sua vida e obra. Um must.

terça-feira, outubro 10, 2006

Song # 62 - Há discos q me batem com(o) uma força estranha...





Todos diferentes, todos geniais!
Depois da "correcção" feita, aqui ficam 3 seminais de todo o tempo:
The House Of Love - The House Of Love - Fontana, 1990
Wire - Chairs Missing - Harvest, 1978
Bob Dylan - Blood On The Tracks - Columbia, 1975

quinta-feira, setembro 07, 2006

Song # 61 - Eles não querem que isto se torne um ícone, mas...



O pequeno 1º ícone do Sec. XXI
É do tamanho de um John Player Special Black, mas em vez de cigarros contém lá dentro 9 loops de música electrónica "ambiental, minimal e melódica". Chama-se "Buddha Machine" e foi criada pela dupla FM3, o americano Christiaan Virant e o chinês Zhang Jian, que recentemente esteve em Portugal para concertos da Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, e no Passos Manuel, no Porto. Existe em 7 cores diferentes e, segundo os próprios, funciona como uma "instalação sonora portátil". Leva-se, portanto, para todo o lado e serve de companhia quer nas noites mais tristes, quer nos dias frenéticos e stressantes. O utilizador pode deixar um só loop perder-se no tempo ou alternar entre os 9 presentes nesta caixinha de música made in China, através de um pequeno botão.
Pode tirar prazer da audição directamente a partir da coluna instalada na "Buddha Machine", através de headphones ou ligando o aparelho a um sistema de som. O prazer, esse, é igualmente relaxante. Isto é "música fechada para sempre dentro de um pequeno rádio com nove sintonias eternas", desafiando "a tendência dominante dos leitores de MP3, mas ao contrário do global iPod e dos seus semelhantes, a ‘Buddha Machine’ já tem a sua música incorporada" não deixando que ela saia e não aceitando mais alguma, escreveu a loja de discos Flur, em Lisboa, um dos locais onde esta caixinha é vendida. Talvez este seja o pequeno primeiro ícone para o Sec. XXI.
"Buddha Machine", à venda em algumas lojas de discos portuguesas ou via Internet. www.fm3.com.cn
in S_21 / Setembro 2006

domingo, agosto 06, 2006

Song # 60 - 5 discos para estas férias







Ali Farka Touré - Savane (2006, Nonesuch/World Circuit)

Primal Scream - Riot City Blues (2006, Sony)

Lee Hazlewood - These Boots Are Made For Walkin' - The Complete MGM Recordings (2002, Ace)

The Divine Comedy - Victory For The Comic Muse (2006, Parlophone)

Gaiteiros de Lisboa - Sátiro (2006, Sony BMG)

quarta-feira, julho 19, 2006

Song # 58 - Syd Barrett


Syd Barrett 1946 - 2006
Discografia seleccionada
com os Pink Floyd: "The Piper At The Gates Of Dawn", "A Saucerful Of Secrets" e "Tonite Let's All Make Love In LOndon"
a solo: "The Madcap Laughs", "Barrett" e "Opel"

segunda-feira, julho 03, 2006

Song # 57 - Façam as árvores dançar (Rock e Electrónica em Oliveira do Hospital)

Pela primeira vez na história da música pop rock feita em Oliveira do Hospital, a Câmara Municipal organiza uma mostra de música moderna, inserida na semana da juventude, que decorre na cidade entre 08 e 16 de Junho, levando até ao palco do Parque do Mandanelho 09 projectos locais das mais variadas correntes estéticas. Rock musculado, pop rock com sabor FM, electrónica e até música extrema, vão passar pelo palco da cidade.
Belo Chasso, Ó Telo, Cubo, Drum & Key, Men On Pause, Out Level, Kalyan, Klone, Stereo Ego, e Vynill são as bandas presentes na I Mostra de Música Moderna de Oliveira do Hospital, com início marcado para as 20:30 do dia 08 de Julho. A abrir a mostra, em jeito de celebração, dois projectos musicais com marcadas influências africanas, Djembé Orchestra Mondega e Ritmos do Fogo, sedeados no vizinho concelho de Tábua.
Na realidade esta não é, verdadeiramente, a I Mostra de Música Moderna da cidade (só assim chamada por ser a primeira organizada pela edilidade). “Sons Na Cidade” (1993) e “Sons Na Cidade II” (1995), deixaram marcas, ainda hoje visíveis (basta reparar que a maior parte dos músicos que integram as bandas actuais, eram os que integravam os projectos na altura), na música local de cariz alternativo. Neste espectro, Oliveira do Hospital sempre teve uma forte tradição, muito embora poucas bandas tenham conseguido uma projecção que ultrapassasse em larga escala a área geográfica onde se inserem, havendo, mesmo assim, honrosas excepções, que falaremos com mais pormenor num próximo número do S_21. Para já, vamos todos estar de olhos postos nesta Mostra de Música Moderna, esperando, sinceramente, que não seja a última. Os músicos merecem, a cidade merece, o público merece.
in S_21/Junho 2006

segunda-feira, junho 19, 2006

Song # 56 - Sonic Scope 2006 na Fonoteca Municipal de Lisboa

De 22 a 24 de Junho decorrerá na Fonoteca Municipal de Lisboa a 6ª edição do Sonic Scope. Aqui fica a info oficial do evento, disponibilizada pela Fonoteca. See Ya.
O festival Sonic Scope nasceu em Setembro de 2001 a partir de uma iniciativa particular de Nuno Moita e João Vicente, fundadores, posteriormente, da plataforma editorial Grain of Sound. O festival tem vindo a apresentar anualmente um conjunto de músicos e artistas sonoros intimamente ligados às músicas experimentais e improvisadas de matriz electrónica e electro-acústica. A primeira edição realizou-se noPalácio Marim Olhão com o apoio do Pelouro da Juventude da Câmara Municipal de Lisboa e da Fonoteca Municipal de Lisboa. As quatro edições seguintes conheceram outros palcos, sempre em Lisboa: Galeria ZDB (2002), Gare Marítima de Alcântara (2003, incluída no número festival) e Fonoteca Municipal de Lisboa (2004 e 2005); edições estas já desenvolvidas pela editora Grain of Sound, entidade que se mantém como programadora oficial do evento. O Sonic Scope conhecerá este ano a sua sexta edição e terá a seguinte programação:
22 de junho
» Antecâmara Scope / Sei Miguel
» Manuel Mota + Margarida Garcia + Plan + Tinfoil
» Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, José Oliveira, Miguel Bernardo, Nuno Torres
23 de junho
» Adriana Sá
» Paulo Raposo + Rui Costa
» Caveira (Pedro Gomes,Joaquim Albergaria e Rita Vozone)
24 de junho
» Ur (André Sier & Nuno Morão)
» Naja Orchestra (Vitor Joaquim, Miguel Carvalhais, Pedro Tudela e Carlos Santos)+ Ulrich Mitzlaff
» Sound Asleep (André Gonçalves, Rodrigo Dias,Gonçalo Silva e Nuno Pessoa)
ENTRADA LIVRE ' sempre às 21h30

quarta-feira, junho 14, 2006

Song # 55 - Instalação Sonora no Ritual Bar


Como complemento da exposição de pintura "esculturas a tinta", de Rui Monteiro, no Ritual Bar, em Oliveira do Hospital, irá ser criada uma instalação sonora em tempo real, no sábado, 17/06, pelas 22:00, pelo próprio artista e por Luís Antero. Música ambiental original improvisada é o q se vai ouvir, sempre com as telas como fundo...Apareçam.

sexta-feira, junho 02, 2006

Song # 54 - Tiago Sousa/Merzbau


Como prometido, aqui fica a entrevista que a minha guitarra azul fez a Tiago Sousa, o responsável pela netlabel Merzbau. See Ya.
1 – Dizes no teu manifesto que a Merzbau surgiu como um espaço de divulgação e consumo livre de música. Sentes que com a tua netlabel o conceito de “música livre” é realmente levado à letra?

Tento que a Merzbau seja sinónimo de música livre. Livre de preconceitos, livre de lógicas comerciais, livre das amarras que a indústria portuguesa tem cimentado e que são extremamente castrantes para os músicos. A netlabel leva esse conceito ao seu sentido mais directo “libertando” os mp3, distribuindo-os de forma gratuita, convidando cada pessoa a partilha-los com os amigos, na Internet e a exibi-los publicamente conferindo-lhes esse sentido de música livre.

2 – Na Merzbau a música é entendida como um bem cultural – antes mesmo de um bem de consumo – que é pertença de todos, daí que todos quanto o queiram podem usufruir gratuitamente dele. Sentes que, desta maneira, a música pode chegar a muitas mais pessoas e ser ao mesmo tempo devidamente valorizada?

Parece-me que nos últimos tempos e cada vez mais com a imposição de uma lógica capitalista na nossa sociedade o papel conferido à música tem sido cada vez mais o de mais um objecto gerador de capital e riqueza sendo que o seu valor intelectual e cultural é passado para segundo plano. Exemplo disso é a atitude que a Associação Fonográfica Portuguesa tem tomado ao dizer coisas como “se não comprarem cds a música portuguesa irá acabar”, não passa de uma mentira descarada. A música é uma arte, e a arte existe na humanidade desde que subimos um estágio na nossa evolução e as nossas preocupações começaram a ir um pouco mais além da alimentação e da reprodução. O ser humano não consegue equacionar a sua existência sem um espaço para a sua expressão e é isto que tento valorizar com a Merzbau. Em vez de seguir uma lógica mercantil, partir do princípio que a arte é pertença de cada artista e de todos nós. Devemos claro valorizar cada vez mais o trabalho dos artistas e o tempo que dispensam na produção dos seus artefactos mas acho que existem formas diferentes de tornar esse tempo viável e os investimentos compensadores. A lógica é a de que a arte vive em cada um de nós e não pode ser tratada como um automóvel ou um relógio de ouro.

3 – Ainda no manifesto dizes que o vosso objectivo é unicamente dar a conhecer a música em que acreditam e com isso poder fazer a diferença. Estás a consegui-lo em Portugal? Achas que realmente as pessoas notam a diferença?

Aí entram dois lados meus que estão em constante conflito, de um lado o sonhador do outro o niilista. O sonhador diz que devemos acreditar em nós próprios e com trabalho e preserverancia tudo está ao nosso alcance, o niilista acha que neste país tudo o que vá além do futebol tem pouca importância e que a grande maioria das pessoas se está literalmente a cagar para música feita por pessoas e não se importa de ouvir mil xs o mesmo single sem ter que se chatear a pensar em significados ou valores emocionais. No meio disto tudo surge um equilíbrio que me vai levando a continuar. Penso que o nosso trabalho terá de ser cada vez mais levado além fronteiras e acho que temos um espaço a ocupar num certo circuito cultural europeu que se está a solidificar nas profundezas do underground e que aos poucos começa a despoletar. Veremos o que o futuro nos reserva.

4 – Em Portugal existem, pelo menos, 4 netlabel’s (suponho que haja mais) e a fonoteca (juntamente com a Merzbau) vai dedicar-vos um fim-de-semana, em que cada editora leva uma banda do seu catálogo para tocar ao vivo, uma ideia bem interessante, aliás.
Achas que este tipo de eventos potencia a vossa acção? É que as netlabel’s são cada vez menos underground na visibilidade, apesar de se regerem por uma atitude de periferia face aos valores “normais” da indústria musical.
Acho que é essencial que as netlabel’s se mantenham unidas. Quando iniciei a merzbau e comecei a contactar com as netlabel’s que na altura já existiam (a yansr, a test tube, a mimi, a enough) fui extremamente bem recebido e muito incentivado. É um valor que devemos todos preservar para nos ajudar a crescer em conjunto. Este encontro foi mais uma forma de tentar fortalecer essa união, mostrando ao público o trabalho que temos desenvolvido e divulgando ainda mais o fenómeno das netlabels. Continua a existir muita gente que desconhece esta forma de estar e espero que este evento nos ajude a chegar a mais gente.

5 – Tens muitas bandas a quererem “assinar” pela Merzbau? Surpreende-te o facto de tanta banda escondida por não ter uma oportunidade, apareça agora com uma urgência renovada pelo facto de a Merzbau e outras netlabel’s existirem (apesar de nunca, como até hoje, ter sido tão fácil ter música disponível para todo o mundo, basta atentar no exemplo do myspace) e assim puderem editar os seus trabalhos?

O interesse é moderado, normalmente a malta não tem muito aquela atitude de se chegar à frente com as edições. Sou mais eu que incentivo as bandas a lançarem qualquer coisa. O caso que referes do myspace, faz um certo sentido pensando que é um modo equivalente de uma banda fazer chegar a sua música ao público. Penso que a vantagem de te quereres associar a uma netlabel é a identidade de cada netlabel. O facto de tratarmos as edições como se de cd’s se tratassem para além de reunirmos ali várias edições no mesmo sítio. É um convite à cooperação e à união. Desde sempre que tive a crença de que a união seria a chave para a sobrevivência da música independente. Dou um exemplo muito concreto, os Lobster vão actuar com os Deerhoof, um evento que lhes vai possibilitar chegar a mais pessoas o que por arrasto pode trazer mais pessoas a chegarem ao contacto da merzbau e bandas já editadas. Acho que a urgência de mostrar o trabalho é algo inerente aos tempos que vivemos. É tudo para ontem……

6 – Como fazes a selecção das bandas que editas? Tens algum critério pessoal, editorial ou editas tudo o que te aparece?

Tenho um critério claro, acho que tento defender um critério de qualidade que passa essencialmente por tentar descortinar a genuinidade nos princípios de cada artista. Interessa-me editar artistas que fazem música por gosto verdadeiro e não como uma forma de exacerbar os seus egos. Paralelamente a este critério está o meu gosto pessoal. Se eu encontrar algum ponto de interesse ou potencial nas bandas e artistas edito. Como sou uma pessoa com gostos bastante ecléticos, acho que isso se tem vindo a reflectir igualmente no catálogo já editado, tento não prender a merzbau a nenhum género específico.

7 – Sinceramente, achas que alguma “major” está atenta ao que a Merzbau edita?

Muito sinceramente? Acho que não… Se calhar estou enganado, mas a ideia que tenho relativamente às majors portuguesas é de que vivem fechadas num aquário. As coisas só lhes chegam ao nariz quando já são muito evidentes.
8 – Penso que todas as bandas editadas estão licenciadas, não é assim? O que são as “common licences”, podes explicar?

Bem os common licences são na prática formas simplificadas de fazerem valer os direitos de autor. Confesso que não sou um especialista em direitos de autor, mas de uma forma simplificada o direito de autor acede-te a partir do momento em que crias uma obra. Existem instituições como a SPA que faz valer esses direitos e se encarrega de fazer a gestão desses direitos. Os creative commons são uma forma alternativa de proteger esse direito de uma forma simplificada e global. Aconselha-se uma visita ao site http://creativecommons.org/

quinta-feira, maio 25, 2006

Song # 53 - Encontro de Netlabels na Fonoteca


Vai realizar-se este fim-de-semana, 26 e 27 de Maio, na Fonoteca Municipal de Lisboa, no âmbito do 12º aniversário daquela instituição municipal, o 1º encontro de Netlabels do país, organizado pela netlabel Merzbau e pela Fonoteca.
Farão parte deste encontro as netlabels Enough Records, Yellow Bop Records (26/05/06), Merzbau e Test Tube (27/05/06), cada uma trazendo uma banda do seu catálogo para uma apresentação ao vivo: da parte da Enough Records, Aenedra; da Yellow Bop Records, Sam Pull; da Merzbau, Goodbye Toulouse; da Test Tube, Frango.
Netlabel: Editora independente que edita música online, utilizando formatos digitais tais como MP3 e disponibilizando-os, normalmente, para download gratuito.
Outras netlabels: mimi (http://www.clubotaku.org/mimi)
Necrosymphonic Entertainment (http://www.necrosymphonic.com)
Plastic Records (http://plastic4records.com)
You Are Not Stealing Records (http://www.stealingorchestra.com)
Programa: 26 Maio (Sexta-feira)
Aenedra - Enough Records
Aenedra são Frederico Oliveira e Filipe Cruz, dois dos fundadoresda enoughrecords. O seu som mistura fortes influências individuaisdas várias escolas do IDM, corrompidas com glitch, click-hop, microsound, unessentialism, dark ambient, drone, noise, com fortes influências depost rock e um gosto mórbido pela decomposição pragmática dossons habituais. Aenedra surge como uma guerra viciada entreo esteticamente correcto e a corrupção.http://enoughrecords.scene.org
Sam Pull - Yellow Bop Records
Sam Pull é uma das faces da YBR. Primeiro produtor, depois músico.Actualmente acumula ainda a função de promotor da própria etiqueta,mostrando o trabalho dos colegas sem pedir licença. Cuidadosoe meticuloso, Sam Pull encaixa-se no espaço onde toca – espaçocom cadeiras, momentos de contemplação; sem cadeiras, pista de dançafrenética. A preferência recai claramente no segundo, onde facilmentese percebe a redefinição da palavra “festa”.http://ybr.essaycollective.org

27 Maio (Sábado)
Goodbye Toulouse - Merzbau
Esta banda nascida no Verão de 2004, vê editado o seu primeiroregisto – Urbe – em Março de 2005 através da Merzbau. Uma ode àvivência urbana onde guitarras rasgadas e uma produção low fi servede pano de fundo para vocalizações intensas e perturbantes. Contandonas suas fileiras com Luís Nunes ( Jesus, the Misunderstood ),Pedro Girão ( Jesus, the Misunderstood ) e Tiago Sousa, jáactuaram em espaços como a ZDB, Santiago Alquimistaou Soc Harmonia Eborense.http://www.merzbau.pt.vu
Frango - Test Tube
Altos mensageiros das novas músicas livres nacionais, este trio do Barreiroé constituído por Jorge Martins (Fish & Sheep, Ivone), Rui Dâmaso (PCF Moya, Searching Records) e Vítor Lopes (Barcos, Ivone, Searching Records). O Frango explora a textura, o espaço e o som como universos puros, impolutos por harmonia convencional e ritmos óbvios, expressão emmatéria difusa, hipnose e puro entusiasmo acústico e eléctrico. A ouvirSitting San (Test Tube, 2005), Whole Hit Bloomer (SearchingRecords, 2005) e Slayered / Slaughtered (Searching Records, 2004).http://www.monocromatica.com/

ENTRADA LIVRE ' sempre às 21h30
+ à frente publicaremos uma entrevista com Tiago Sousa, o "dono" da Merzbau e um dos organizadores deste evento. Hasta.

sexta-feira, maio 19, 2006

Song # 52 - Out Level - The Bedroom Sessions, Vol.1


Já está disponivel online e para download em www.merzbau.pt.vu o EP "The Bedroom Sessions - Vol.1" de Out Level. Podem ouvir o EP directamente do site ou descarregá-lo para o vosso computador através do ficheiro zip disponível.
Brevemente será anunciada a data e o local do concerto de apresentação destas sessões.
Um obrigado muito especial ao Tiago Sousa. Salvé.

segunda-feira, maio 15, 2006

Song # 51 - Nova Música Portuguesa

Tal como aconteceu em 2004, 2006 tem sido um bom ano para a música portuguesa. Todos os meses aparecem nos escaparates novos e bons trabalhos. Aqui fica uma lista (meramente pessoal) para ilustrar estes 5 meses de actividade discográfica em Portugal. Fiquem bem.
1 - Dead Combo - Vol. II - Quando A Alma Não É Pequena
2 - The Weatherman - Cruisin' Alaska
3 - Cindy Cat - Cindy Cat
4 - The Legendary Tiger Man - Masquerade
5 - A Naifa - 3 Minutos Antes De A Maré Encher
6 - X-Wife - Side Effects
7 - No Data - Música Naïve

segunda-feira, maio 08, 2006

Song # 50 - Out Level

O projecto oliveirense de música instrumental/experimental/improvisada, Out Level, vai ver o seu 1º EP editado pela netlabel Merzbau. "The Bedroom Sessions - Vol.1" estará assim disponivel para download grátis e legal lá para o final do mês.
Mais à frente falaremos do fenómeno das netlabel's e publicaremos uma entrevista com Tiago Sousa, o dono da Merzbau.
Entretanto, passem por www.merzbau.pt.vu e oiçam algumas das bandas pertencentes a esta editora. See ya.

quinta-feira, maio 04, 2006

Song # 49 - "My Little Underground"

Lamento os dias assim, em que tudo corre mal. Hoje, só uma boa dose de rock narcótico me salvará. Vou optar pelos grandes The Jesus And Mary Chain. Talvez amanhã a coisa corra melhor...
running away
I got something to say
you're in my way
so goodbye yesterday
I'm gonna run and finda place where I can hide
somewhere that no one knows
someplace that no one goes
so don't you look for me
I'll be where you can't see
somewhere I can't be found
my little underground
it's easy to see
that you're laughing at me
no guaranteeat least none I can see
and it's cold outside
doesn't work out right
gonna stay inside
gonna stay inside
I'm gonna run and finda place where I can hide
somewhere that no one knows
someplace that no one goes
so don't you look for me
I'll be where you can't see
somewhere I can't be found
my little underground
sun shines so high
bright in the sky
sun shines so, sun shines so
sun shines so high above
and it's cold outside
and it's cold outside
doesn't work out right
gonna stay inside
and I can't
can't understand it
don't know why
don't know why
just can't
can't understand it
don't know why
don't know why
and it's cold outside
doesn't work out right

domingo, abril 30, 2006

Song # 48 - "The Proposition"


"The Proposition" é a mais recente colaboração entre o realizador John Hillcoat e o argumentista/músico Nick Cave, depois de "Ghosts...Of The Civil Dead" e "To Have And To Hold". "Já descrito como um anti-western, com ecos de Sam Peckinpah e Sergio Leone, THE PROPOSITION é um filme lírico, atmosférico e contemplativo, mas também brutal, cruel e violento. Em fundo a Austrália colonial no final século XIX. Charlie e Mikey Burns, dois criminosos irlandeses, são presos pelo Capitão Stanley pelo massacre de uma família. Stanley faz aos dois homens uma proposta: se Charlie não apanhar e matar Arthur, o seu irmão mais velho e líder do gang, Mikey será enforcado no dia de Natal. Rico em alegorias sobre a vida e a morte, pecado e redenção, THE PROPOSITION conta com interpretações de excepção a cargo de um elenco impressionante, de onde se destacam os nomes de Emily Watson, John Hurt e Guy Pearce." O filme tem banda sonora original a cargo de Nick Cave e Warren Ellis, entre temas de densidade poética e contemplativa e adaptações de temas tradicionais irlandeses e teve a sua anteestreia no Indie Lisboa 2006 - 3º Festival Internacional de Cinema Independente.
Cast: Tom Budge, Guy Pearce, Emily Watson, Ray Winstone, David Wenham, John Hurt, David Gulpilil, Leah Purcell, Richard Wilson, Tommy Lewis, Boris Brkic, Iain Gardiner, Danny Huston Director: John Hillcoat Producers: James Atherton, Chris Auty, Sara Giles, Michael Hamlyn, Michael Henry, Norman Humphrey Screenplay: Nick Cave Cinematography: Benoît Delhomme Music: Nick Cave, Warren Ellis Australian theatrical release date: October 6, 2005

quinta-feira, abril 20, 2006

Song # 47 - Sei Miguel

Sei que já foi a algum tempo, mas encontrei o texto hoje e resolvi inclui-lo aqui na minha guitarra azul, para contento dela, somente...
Depois de ter ouvido umas cem vezes o ultimo disco dos Dead Meadow (“Feathers”, Matador, 2005), saí de casa para a noite fria que me piscava o olho. Não havia muita gente na rua. Lisboa já se tinha recolhido para o aconchego etílico dos bares. A minha missão era simples: entrar na Galeria Zé dos Bois, ocupar um lugar estratégico com vista para o palco e desfrutar de duas bandas que ali iam tocar: Manta Rota e Sei Miguel Jazz-Out Leadership. Não conhecia nem uma nem outra. Dos Manta Rota, a primeira banda da noite, conhecia pessoalmente o Afonso Simões, que faz “sonhos pop” musicais com o seu projecto Phoebus, e de vista alguns dos outros membros. Os Manta Rota são um colectivo de músicos provenientes de outras formações como Gala Drop, CAVEIRA, The Vicious 5 ou Fish & Sheep. Aquilo que ouvi (sim porque, até com um esforço danado para me por em bicos-de-pés, não consegui ver grande coisa) na ZDB no sábado à noite, dia 14, nas chamadas Avant_aavv_Sessions, foi um edifício sonoro feito de diálogos eficazes, que me deixou a meio caminho entre os anos 60 dos Doors e os tempos + recentes dos Godspeed You! Black Emperor. Muito Bom.
Intervalo. Tempo para beber um copo de vinho entre os noctívagos locais.
Entrei mais cedo na sala de concertos, apropriadamente chamada aquário (onde não se deve fumar), para arranjar, desta vez, um bom lugar para assistir à experiência que se seguiria. Há já muitos anos que oiço falar de Sei Miguel, do seu génio, dos seus improvisos, do seu experimentalismo, daquilo que tem feito pela música portuguesa além fronteiras, etc., etc., enfim, uma referência. E como se isto não bastasse, veio acompanhado de outro músico, entre outros, de renome internacional: Rafael Toral, uma das + altas “vozes” da electrónica lusa.
Jazz + electrónica + free rock = um dos melhores concertos a que tive oportunidade de assistir.
Diálogos eficazes e consistentes entre os 7 elementos da banda, com Sei Miguel como condutor mor. Tudo bem ensaiado ou, melhor, improvisado. A trompete de bolso de Sei Miguel entra e sai de mansinho, como um gato que sai de casa para ver as estrelas e + tarde volta ao seu aconchegante lar, a guitarra eléctrica dedilha a forma da noite encostada ao vidro, o baixo entra em convulsões de graves dispersos pelas 4 cantos da sala, a percussão, comedida e implacavelmente bem tocada, dá o beat que se sente e que se quer sentir. Como se a noite não tivesse fim…


segunda-feira, abril 17, 2006

Song # 46 - RadiaLx2006 - Part II


11/04/2006, Fonoteca Municipal de Lisboa
Tópicos de um debate aberto: Rádios comunitárias, Arte Rádio:que história é esta? com Sarah Washington (Resonance FM - Londres), Knut Aufermann (Resonance FM - Londres), Moderador Ricardo Reis (Presidente da Rádio Zero).
- A rádio como depósito de trabalhos de autor;
- A rádio como meio de transmissão e comunicação com o ouvinte;
- A qualidade do que passa nestas rádios é definida pelo ouvinte;
- Os ouvintes são os principais impulsionadores da rádio, contribuindo para a sobrevivência da mesma;
- Arte Rádio = #s maneiras de ouvir e fazer rádio (ex.: tocar saxofone nas ruas de Londres e enviar o sinal directamente para a rádio enquanto um carro passa sintonizado na mesma frequência fazendo delay em tempo real...)